Dermeval "Formigão" Simões

Na minha infancia, a presença do meu avô paterno era muito forte. Costumava ir dormir na chácara dele desde que a comprou, quando eu tinha acho que uns 6 ou 7 anos. Sua fama sempre foi de bravo, enérgico e autoritário. Menos comigo. Depois, dos 10 aos 14 anos, aproveitava férias pra ir pra praia com ele em Caraguá e sempre o acompanhava no fórum, no centro da cidade, na peixaria, na praia do Indaiá e em todos outros lugares. Também fomos uma vez pescar em Corumbá. Lá, quando os outros "pescadores" saiam pra farra, ele quem tomava conta do pivete.
Com o passar dos anos, nossa amizade era muito bacana, sempre conversávamos. Com 15 anos, quando comecei a tocar bateria no Rotting Flesh, ele me ofereceu o antigo galinheiro da chácara pra abrigar os ensanos ensaios da banda. Tratava todos meus amigos doidões com alegria e sem preconceito. Ninguém na família botava fé que ele pudesse um dia deixar agente fazer aquela barulheira por lá, quase todo sabado e domingo. Depois do galinheiro ensaiamos no depósito, no quarto de visitas e na garagem.
Quando entrei na faculdade em Bauru, ele ficou muito contente. Havia estudado por lá nos anos 50 (ou 60) e conhecia bem aquela cidade, sua fama e seus perigos. Um domingo que cheguei cedo de bike na chácara, ele me chamou pra uma conversa séria que me deixou meio encucado, imaginando milhares de coisas. Nessa época, ele estava andando com dificuldade por causa do parkison e precisava apoiar no meu braço. Fomos andando devagarinho de braço dado no sentido da entrada da chácara e ele foi falando. Disse que eu precisava ficar muito atento lá em Bauru, que, por ser uma cidade grande e de com muito movimento de pessoas, tinha de tudo por lá. Ele conhecia bem aquilo. Disse também que sabia que os jovens costumavam frequentar zonas (de meretrício) e que isso era natural. Sua grande preocupação era com as mulheres de zona. Elas eram muito perigosas, e poderiam causar muitas tristezas para uma família. Seu conselho era pra eu nunca me envolver com essas mulheres. Entendi que elas eram verdadeiras bruxas, feiticeiras dotadas de um poder felomenal. Nunca nesses anos tinhamos falado de sexo e me lembro que fiquei muito surpreso com esse papo. Nunca imaginaria esse que era esse o conselho. Adorei a surpresa!
>>> foto gentilmente cedida por Billy Bigato
14 Comments:
conta mais!?
Dani adorei ler um pouco e relembrar como esse nosso vo era especial.. adorei tb quero mais
beijos
má pretinha
Que bacana Zakalé!!!
Conta mais?
Juli.
Que bacana Zakalé!!!
Conta mais?
Juli.
Gosto daquela foto de careta que tem em casa! Ou tá com vc? Se eu achar, escaneio e te mando.
bju
Ah, vc me viu surfando? rs
Esses Vo Dido e muito gente boa!
Emocionante!
Dorei a história! Chega deu um "negocinho" no peito! Tb quero saber mais. :-)
Então véio.Acho que ja era fama da Eny.Num era não?
bjo
Joravo
kkkkkkk. Fantástico. Vc tinha me contado esta história, mas aqui narrou de forma felomenal! Precisamos de um vovozinho como este e de um galinheiro pra nossa futura banda! Cara, temos que compor nossas próprias músicas... Devir. Devir. Devir.
Intão...cade palavra nova?
jão
Tô ligado que o Galinheiro era sonzeira, e dava um lôco, mais doido que o outro por lá. Acho que o velho pensava "Essa mulecada faz esse som porque não vão na zona!" E quando paramos bateu a preocupação!
Mas diz aí meu caro Zaka, tem alguém que não te ama?
Abraço
e Vinho e Vida
Nuaka
Olha o Zaka ai...
Texto bacana, meu amigo.
Legal de ler e de conhecer um pouquinho do avuelo.
Até a próxima.
Eli
QUEM É ZKL?
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